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Saudade… palavras [quase] perfeitas [BEDAS30]

E a oitava palavra do desafio do blog da Cris Loureiro e muito especial para os portugueses e nao tem tradução em mais nenhuma língua. E uma palavra tão nossa mas tão nossa que só faz mesmo sentido na língua portuguesa. O povo português e conhecido por ter os sentimentos a flor da pele. Vibra com sentimento, com emoção.

Nem a Wikipedia em inglês consegue traduzir a nossa palavra:

Saudade is a deep emotional state of nostalgic or profound melancholic longing for an absent something or someone that one loves. 

Eu nao sinto falta mas tenho saudades… Calma, não me interpretem mal. As boas recordações que tenho, bastam-me.

Tenho saudades da minha cidade, do meu Porto. Conheço a minha cidade como a palma da minha mao. Adoro ser turista na minha cidade. Faço parte dela e ela de mim.

Tenho saudades de quem ja partiu, do meu avo Ilídio, dos avós do Rui, do meu pai.

Tenho saudades da minha mãe e dos meus manos.

Saudade é uma palavra tão relativa quanto bela.

Tudo na vida tem o seu tempo, so temos é de tirar o melhor de tudo e de todos. Só assim ficaremos com boas memórias que nos trazem saudades boas.

Deixo-vos com dois poemas de F. Pessoa que descrevem na perfeição

 

E voces de que é que têm mais saudades?

 

 

 

About Matilde

Nao tenho pressa…

Não tenho pressa. Pressa de quê?
Não têm pressa o sol e a lua: estão certos.
Ter pressa é crer que a gente passa adiante das pernas,
Ou que, dando um pulo, salta por cima da sombra.
Não; não sei ter pressa.
Se estendo o braço, chego exactamente aonde o meu braço chega
Nem um centímetro mais longe.
Toco só onde toco, não aonde penso.
Só me posso sentar aonde estou.
E isto faz rir como todas as verdades absolutamente verdadeiras,
Mas o que faz rir a valer é que nós pensamos sempre noutra coisa,
E vivemos vadios da nossa realidade.
E estamos sempre fora dela porque estamos aqui.
Fernando Pessoa.

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Boa semana, meus amores 🙂

About Matilde

#NationalPoetryDay

Stop all the clocks, cut off the telephone,

Prevent the dog from barking with a juicy bone,
Silence the pianos and with muffled drum

Bring out the coffin, let the mourners come.

Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky the message He Is Dead,
Put crepe bows round the white necks of the public doves,
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.

He was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song;
I thought that love would last for ever: I was wrong.

The stars are not wanted now: put out every one;
Pack up the moon and dismantle the sun;
Pour away the ocean and sweep up the wood.
For nothing now can ever come to any good.

By W.H.Auden.

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Mar

De todos os cantos do mundo
Amo com um amor mais forte e mais profundo
Aquela praia extasiada e nua,
Onde me uni ao mar, ao vento e à lua
.

Cheiro a terra as árvores e o vento
Que a Primavera enche de perfumes
Mas neles só quero e só procuro
A selvagem exalação das ondas
Subindo para os astros como um grito puro.

In Poesias, 1944. Sophia de Mello Breyner.

Hoje o Dia Nacional da Poesia, deixei-vos alguns poemas que me inspiram, tenho muitos mais, nomeadamente de Fernando Pessoa 🙂 Este e dos meus preferidos tambem 😉

Há grandes sombras na horta
Quando a amiga lá vai ter…
Ser feliz é o que importa,
Não importa como o ser!

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E voces tambem gostam de poesia?

Qual e o vosso poema preferido? 😉

 

About Matilde

Tenho em mim…

6-sunshaft butterflyTabacaria
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo.
que ninguém sabe quem é
( E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes
e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.
Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.
Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.
Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.

Fernando Pessoa*tumblr_inline_mnog6qHMMS1qz4rgptumblr_myxtohhVOW1sdrik6o1_500

Bom domingo, meus amores*

 

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